Aspectos envolvidos no ensino e na aprendizagem de Filosofia

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO - Período Especial 2 / 2020

Trechos relevantes: 

O que é o estudo da Filosofia no século XXI? Ou, o que é estudar Filosofia no presente ano de 2021? 

[…] A Filosofia se apropria de um discurso de que quem a estuda, se enriquece de senso crítico. Mas que senso crítico é esse? Fazemos um senso crítico a respeito do que pode ou não pode a filosofia ensinar? Do que devemos ou não devemos aprender ao estudar Filosofia? Essas perguntas nos ajudam a entender que o ensino da Filosofia corresponde também a uma visão moral, que pode se estender a uma visão social e econômica, do que é permitido a Filosofia falar, mas, principalmente, do que as pessoas e o mundo querem ouvir da Filosofia, o que se aceita e o que se promove, ressaltando aqui também o importante papel das políticas públicas para que a Filosofia seja mais estudada e reconhecida.

[…] para que ocorra uma superação dessa conceitualização euro centralizada do mundo moderno, será necessário justamente negar o mito da “modernidade”. E, portanto, a parte “periférica”, vitimizada pela violência colonizadora, da cultura conquistadora, originária, deve se descobrir como a “outra face” essencial para à “modernidade”, sendo assim, “o mundo periférico colonial, o índio sacrificado, o negro escravizado, a mulher oprimida, a criança e a cultura popular alienadas, etc. (as “vítimas” da “Modernidade”) como vítimas de um ato irracional (como contradição do ideal racional da própria “Modernidade”) (p.30-31)”. Dussel continua: “Apenas quando se nega o mito civilizatório e da inocência da violência moderna se reconhece a injustiça da práxis sacrificial fora da Europa (e mesmo na própria Europa) e, então, pode-se igualmente superar a limitação essencial da “razão emancipadora” (p.30)”.

Podemos, então, reconhecer a importância do “Outro” nas formulações teóricas da Filosofia e é disso que se trata como sendo um dos principais “problemas” da Filosofia. Uma proposta feita também por Dussel, é que como uma consequência dessa emancipação da razão para uma “razão libertadora”, que transcende a razão moderna, “mas não como negação da razão enquanto tal, e sim da razão eurocêntrica, violenta, desenvolvimentista, hegemônica” (p.31), trata-se agora, então, de uma “Trans-Modernidade”, como um projeto de libertação da Alteridade: 

A “realização” não se efetua na passagem da potência da Modernidade à atualidade dessa Modernidade européia. A “realização” seria agora a passagem transcendente, na qual a Modernidade e sua Alteridade negada (as vítimas) se co-realizariam por mútua fecundidade criadora. O projeto transmoderno é uma co-realização do impossível para a Modernidade; ou seja, é co-realização de solidariedade, que chamamos de analéptica, de: Centro/Periferia, Mulher/Homem, diversas raças, diversas etnias, diversas classes, Humanidade/Terra, Cultura Ocidental/Culturas do mundo periférico ex-colonial, etc.; não por pura negação, mas por incorporação partindo da Alteridade. (p.31)

[…] Porém, nem sempre pode-se associar a relação econômica com os recortes de raça, gênero, ou qualquer outro tipo, pois podemos cair na armadilha de sermos preconceituosos por causa de uma estrutura social ao associarmos esses públicos às suas classes, como por exemplo: “o pobre que em sua maioria é negro”, seria um pensamento racista, até mesmo sem termos a intenção de sermos racistas, pois esse tipo de pensamento faz parte do racismo estruturante que marca a sociedade em que vivemos, fazendo associações que delimitam espaços para certo tipo de status social, raça, gênero, ou qualquer tipo de classificação que sofre historicamente com preconceitos e discriminações.

[…] Em seu texto, Araújo mostra-nos números que dizem muito sobre o modo de reprodução da patriarcalismo na Filosofia, que representa um longo histórico do passado e que ainda chega nos dias de hoje, onde há na nossa sociedade uma subvalorização do papel da mulher, tanto no que se refere a sua capacidade física, quanto intelectual. É claro que os motivos não se resumem a isso e podem ser diversos, mas o que é muito comum é ocorrer a rotulação das profissões e modos de agir para cada tipo de gênero. O que está longe de ser verdade, pois são inúmeros exemplos de mulheres que foram importantes para a humanidade, para ciência, para a filosofia, por feitos que poderiam ser considerados pela visão patriarcal apenas possível para homens, mas que ficam de fora da popularidade que se encontram nos registros históricos, por fazermos parte de uma cultura que não sabe reconhecer as capacidades da mulher, que afetam o modo homem de agir, quando dizem que existem serviços que não são para mulheres, ou que mulheres não têm interesse por certos tipos de assuntos, uma sociedade que tende a se sentir diminuída e ameaçada se assim o fizerem. Cabe à Filosofia o senso crítico a respeito dessa temática e o feminismo precisa ser mais estudado cada vez mais, principalmente entre os homens.  

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