A palavra ética parece ter uma sombra sobre ela. Parece que o seu significado se obscurece quando falamos dela, dando um ar de importância, porém, ao mesmo tempo, de distanciamento.
Mas afinal, o que a ética significa?
A teoria ética está bastante atrelada ao conceito de felicidade, pretendo preencher esta gaveta e dar um exemplo mais próximo do nosso dia-a-dia.
Partindo disso, abordarei conceitos que irão falar sobre a ética de virtudes.
Não que a ética se limite a essa vertente (ética de virtudes), mas como nosso objetivo é dar uma pincelada na teoria e relacioná-la com a felicidade, essa é uma perspectiva que pode nos ajudar bastante.
E, também, em momento algum quero esgotar ou superar esse assunto, visto que precisamos falar sobre temas assim sempre, e muito.
Ética de virtudes
Aristóteles foi um filósofo que viveu no séc. 3 a.C e já naquela época conseguimos para notar que as condutas morais dos cidadãos gregos eram algo que prendia a atenção dos mais curiosos.
Em seu livro “Ética a Nicômacos”, o filósofo define o conceito de ética, que, deve ser praticada pelo agente virtuoso, tendo como a finalidade das suas ações: a felicidade (Eudaimonia).
A excelência moral então é a ênfase que Aristóteles atribuiu ao sujeito ético.
Adentrando um pouco mais no conceito de virtude, precisamos entender como a história do caráter virtuoso dos seres humanos é influenciado pelo nosso agir.
As virtudes são adquiridas por uma contínua prática de boas ações. As boas ações tornam-se hábitos, bons hábitos. Bons hábitos criam o nosso caráter, a nossa personalidade.
Bem lógico né? A teoria é bonita! Mas, quem está disposto a se transformar?
Você sabe o tamanho da energia que se precisa para mudar um hábito, não sabe?
Outra pergunta aqui também se faz necessária: “será que eu deveria mudar mesmo? Por que eu que tenho que mudar? …Os outros que salvem o planeta… eu estou bem comigo mesmo… aqui na minha zona de conforto”.
É claro que essas perguntas são irônicas e acho que já estamos em um tempo em que deveria estar bem claro que a mudança começa no individual, mudamos interiormente, depois, quem sabe, podemos querer ver no social.
Virtude é um modo de ser, uma “segunda natureza” que cultivamos conforme vamos evoluindo nossa educação interior. É como um autocontrole do meio-termo ou do justo-meio. Calma, irei explicar.
Fazemos algumas escolhas que podem se tornar escolhas viciosas e estas são consideradas como comportamentos extremos. Mas, temos também, o caminho do meio, dado por um certo equilíbrio, que cada um tem o seu e não se segue uma regra aritmética.
E, devemos tomar cuidado, para que a nossa vontade de bem-estar não seja confundida com o apetite ou desejo. O que diferencia a vontade do desejo é o nosso racional. O ato virtuoso é determinada pela nossa razão.
Mesmo que a verdade de cada um seja “relativa”, existem leis em que o justo-meio é o mesmo para todos nós. Assim como nem todas as ações virtuosas admitem um justo-meio da mesma forma.
Meio confuso? Pois é, isso porque a filosofia não tem uma resposta final. Ela é, num possível entendimento, uma eterna pergunta.
Mas logo abaixo eu deixo um quadro imagético de exemplos que pode ajudar a visualizar a teoria.

Como podemos ver, o modo da virtude moral e o justo-meio não pode vir desacompanhado da prudência na nossa maneira de agir. Há uma diferença entre o resultado das nossa ações e o nosso modo de agir.
Você consegue perceber?
Para a ética de virtudes, o que importa é o caráter e não a consequência dos nossos atos. O agente ético precisa ter sabedoria prática (experiência e prudência) para saber escolher e decidir como agir em cada caso. E, assim, viver bem e conduzir-se bem numa vida feliz.
MAS OK! Essa é uma visão bem privilegiada da coisa.
Porque mesmo que falemos de escolhas individuais, sabemos que vivemos num mundo muito desigual. Um mundo em que poder escolher como formar o seu próprio caráter é quase um artigo de luxo.
E isso é, ao contrário de felicidade, é muito triste!
Então, criamos um ponto de reflexão aqui, como podemos falar de felicidade se estamos presos às situações tristes?
Ampliando um pouco mais ainda a crítica, será que ao invés de querer maior felicidade para o maior número de pessoas, não deveríamos procurar, com mais modéstia e humildade, a menor quantidade de sofrimento para todos?
Ser feliz e se abdicar de prazeres excessivos, realizando uma vida contemplativa, calcada na teoria, é para poucos. Essa parte “científica” e universal nos ajuda apenas porque podemos chegar a ela através do raciocínio e com isso compreender o saber teórico.
Mas talvez uma das nossas grandezas está em poder modificar o nosso ambiente, intervir como indivíduo e praticar continuamente, aprendendo com os erros. É como uma técnica que desenvolvemos para saber como nos relacionar melhor uns com os outros.
Uma inteligência coletiva. Um organismo vivo, feito de infinitas conexões.
E aqui chegou no ponto que eu queria trazer a nossa consciência para um uso mais rotineiro da ética, como por exemplo, a presença da tecnologia e as redes sociais nas nossas vidas.
Será mesmo que estamos nos comportando eticamente nesse mundo de interfaces virtuais?
É muito fácil se perder nesse mundo de fake news.
Mas por que será que estamos sendo enxurrados por essas más intenções? O que nos leva a essa despreocupação com o modo de pensar do outro? Será que o modo de pensar controverso ao meu não me interessa?
Escrever textos tais como se “a verdade fosse única e absoluta e quem não percebe é ingênuo”, será esse um bom hábito?
Não podemos esquecer que estamos formando nosso caráter todos os dias… O que nós podemos fazer para dizer não aos nossos vícios e começar um novo diálogo com o mundo?
Precisamos nos entender.
E nos respeitar.
Finalizo o texto por aqui, no entanto, queria acabar com um ar de esperança, de um futuro com vivências mais ricas, torcendo para que elas possam florescer mais em os nossos lares.
*PS: Quero agradecer a um amigo, Bira, que me incentivou a escrever este texto para o seu blog “Canal da Felicidade”, porém, parece que infelizmente ele parou com as publicações, então, publicarei eu mesmo por aqui, espero que os leitores gostem, comenta aí o que achou!
Às vezes um olhar com mais cuidado, faz toda a diferença na nossa felicidade…
K.
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Lindo texto! Inteligente, direto e deixa-nos a pesnar…. Gratidão!
Poxa, eu que agradeço Maria, fico feliz com seu comentário e me incentiva muito a produzir mais conteúdos como este, obrigado!