"Seria possível uma volta para casa?"
TEORIA DAS CIÊNCIAS HUMANAS I - 2° Semestre / 2020 (2021) - UFPR
Trechos relevantes:
Nesse artigo iremos questionar a nossa maneira de ser e estar no mundo, e, principalmente, comparar essa nossa maneira de ser com a maneira de ser dos povos indígenas. Temos um grande motivo de querer fazer essa comparação, a nossa salvação. Parece que as coisas se inverteram, falando ironicamente. Aqueles índios que nós pretendíamos salvar na época do descobrimento do Brasil, na realidade, agora percebemos que são os nossos verdadeiros salvadores. Por quê? Alguém poderia se perguntar neste momento. É o que iremos tentar responder neste presente trabalho.
[…] temos muito a aprender com o modo índio de ser, que tem uma visão fraterna, que tem um “pisar leve” com diz Ailton Krenak (KRENAK (2020a), p. 53), que não separa a natureza como objeto e nós como sujeito, mas que é percebida e vivenciada como potências da vida e que precisa ter muito cuidado para que ela não se extermine. Que tem os métodos (xamânicos) para que isso não aconteça, que tem a alteridade como solução dos problemas, que sabe da importância do diferente, principalmente da importância da diferença para a própria sobrevivência. Que tem em seus sonhos proféticos um contato com o sagrado, com os maiores do primeiro tempo, que é descendente de Omama (o criador) e da Mãe Terra. São nossos irmãos que podem nos salvar e não ao contrário […]
[…] É necessário dizer quem é Davi Kopenawa e Ailton Krenak, para que assim possamos aprender e buscar aprender cada vez mais como eles, Kopenawa é um xamã Yanomami que se colocou em uma missão digna de um herói para salvar o seu povo, teve que abrir mão do contato próximo da sua família, dos seus costumes e aprender os costumes brancos, como a falar português, vestir roupa de branco, para conseguir ir até onde o branco está (muitos vezes de terno e gravata sentados vendo o mundo acabar) e assim conseguir lutar pela sobrevivência dos seus familiares, pela sobrevivência dos valores da sua cultura e também para anunciar que se continuar do jeito que está, os xamãs como ele vão morrer, e o mundo junto com eles também. Krenak é também é um guardião da verdade indigena, que se permitiu misturar com a nossa branquitude para que assim tivéssemos a chance de escutá-lo. Um grande pensador da nossa atualidade, que nos ensina através do seu exemplo de luta e coragem, como combater esse sistema capitalista-canibal que estamos todos inseridos. Nos ajuda a acordar e arregalar os olhos para esse feitiço que nos envenena, uma ilusão que talvez nunca conseguiremos sair, mas que precisamos urgentemente buscar a saída, encontrar a cura, ou seria melhor dizer, criar a cura […]
Seguindo as palavras de Lyrio Zara: “de que maneira eu posso contribuir para que o xamã sustente o céu?”.
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